segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Reprodução de Kribensis por Cinthia Emerich

Olá a todos
Recentemente passei por uma experiência muito gratificante com um casal de kribensis que adquiri e resolvi então relatar aqui o comportamento e os aspectos da reprodução deles.
O Pelvicachromis pulcher, conhecido popularmente por kribensis ou krib, é um ciclídeo do oeste africano que vive em rios e recebe este nome “complicado” devido à sua coloração rubra na parte ventral do corpo, presente tanto em machos quanto fêmeas e sendo mais intenso nelas.
O kribensis é um ciclídeo bem mais pacífico do que seus outros parentes, menos é claro na época de reprodução onde o casal (a fêmea principalmente) irá defender seus filhotes a qualquer custo. Sua faixa de pH também é mais ampla variando de 5,0 a 8,0 (Ciclhid Fórum), porém, o mais recomendado é que se mantenha o pH perto de 7,0 tanto para a coloração dos peixes quanto para a proporção de filhotes machos e fêmeas.
De tamanho mediano o macho atinge seus 10cm em média quando adulto e a fêmea fica um pouco menor, por ser onívoro aceita de tudo, mas se quiser investir em uma reprodução bem sucedida e na coloração e saúde dos seus peixes ofereça alimentos vivos pelo menos duas vezes por semana, estes podem ser; artêmias, larvas de mosquitos, enquitréias, etc.
Quanto às condições da água e do aquário prefere um pH neutro ou ligeiramente ácido, como já citado acima, água mais mole, substrato fácil de ser escavado (como areia), troncos ou outros objetos que formem tocas, temperatura entre 26 e 28ºC, frente do aquário de pelo menos 50cm, litragem mínima de 40 litros (isso para apenas um casal).
No que se refere ao dimorfismo sexual – a diferença entre o macho e a fêmea – não chega a ser complicado diferenciá-los:
O macho costuma ser maior, ter as pontas das nadadeiras dorsal, anal e caudal finas, sendo esta última em forma de flecha, o ventre é mais retilíneo podendo ter coloração rubra ou não – o que vai depender das condições que o macho está passando (disputa por território, acasalamento, cuidando dos filhotes). Mas e se quando você for comprar o seu peixe o macho não for tão grande ou não apresentar todas essas características? Uma dica é reparar na ponta da nadadeira dorsal dele, machos têm - na maioria absoluta das vezes – uma faixa colorida que pega o topo da nadadeira dorsal e vai de fora a fora.

http://i456.photobucket.com/albums/qq288/c_emerich/Pelvicachromispulcher-machoadulto.jpg

Macho adulto

A fêmea é menor e possui o corpo mais arredondado, apresentando – quase sempre – uma mancha central na região ventral. As nadadeiras têm o final arredondado contrariando o formato encontrado em algumas nadadeiras do macho, quando chega a época da reprodução seu ventre aumenta bastante de tamanho, as cores se intensificam e o ovopositor fica bem visível. Novamente, fica uma dica no caso de quando você for comprar seu peixe não encontrar uma fêmea nessas condições (por ser muito nova, estar estressada ou subnutrida): observe a ponta da nadadeira dorsal, fêmeas não costumam apresentar cor no final dessa nadadeira.
Fêmea adulta – Em época de reprodução com o ovopositor à mostra
Chegando ao propósito do artigo, vou falar sobre a minha experiência com a reprodução desses ciclídeos tão coloridos e sociáveis:
Tudo começa quando o macho e a fêmea formam casal e escolhem um local para desovar, geralmente este é bem escondido com o casal tendo preferência por troncos, raízes e outros objetos que formem tocas. Eles irão limpar o lugar, cavar, enfim... deixar tudo pronto para a desova, em casos de aquários plantados com camada fértil corre-se o risco deles cavarem além da conta e atingirem essa camada, no caso dos meus o aquário possuía apenas areia como substrato então não tive problemas deste tipo.

Quando está pronta para desovar, a fêmea apresenta o ovopositor bem visível e a desova ocorre geralmente à noite com uma quantidade de ovos variável, mas normalmente numerosa e de coloração laranja. Tanto o macho quando a fêmea ficam cuidando dos ovos – agitando as nadadeiras para que a água circule por entre eles – até que eclodam alguns dias depois. No caso da primeira ninhada da minha fêmea nasceram 52 filhotinhos e quase todos chegaram à idade adulta.


Logo depois da eclosão os filhotes ainda ficam no local da desova e vão se alimentando do resto do saco vitelino, alguns dias depois a fêmea começa a trazê-los para fora da “toca”, o macho se mantém junto à fêmea e cuida dos filhotinhos também. A partir deste momento podemos iniciar a alimentação dos pequenos: infusórios, nauplios de artêmia, ovos de artêmia sem casca, ração específica para alevinos de ovíparos, etc... No meu caso utilizei a Sera Micron e os Ovos de Artêmia sem casca da Maramar e obtive bons resultados com pouca perda.

Os pequenos ficam agrupados e sempre perto da mãe ou do pai, aos poucos vão se aventurando pelo aquário e por isso mesmo é bom manter a entrada do filtro (externo no caso) coberta com perlon para evitar acidentes.

Aos poucos eles passam a se alimentar também da ração dos adultos, uma curiosidade em relação à quantidade de machos e fêmeas em uma ninhada é que esta proporção está ligada ao pH da água: água mais ácida tende a gerar mais fêmeas, águas mais alcalinas mais machos e a água neutra uma igualdade entre os sexos.
Filhotinhos com a barriguinha já cheia da ração dos pais
Depois de cerca de um mês de vida os filhotinhos já cresceram bastante e os pais começam a se preparar para outra desova, portanto, se você perceber que a fêmea anda mais irritada e com coloração mais forte dando sinais de desova é melhor retirar os filhotes do aquário. Quanto à sexagem dos mesmos, pode ser realizada já com alguns meses de vida, como eles ainda não terão as nadadeiras pontudas (no caso dos machos) nem o ventre muito rubro e redondo (fêmeas) as dicas dadas anteriormente quanto às pontas das nadadeiras dorsais ajudam bastante nesta situação. Também sobre a sexagem existem alguns mitos que se mostraram falsos como: só a fêmea apresentar o ventre rubro, só a fêmea – ou só o macho – apresentar ocelos nas nadadeiras, só a fêmea ter coloração dourada em volta dos olhos, etc.
Macho jovem – repare na faixa de cor que pega a dorsal de fora a fora, além disso ele já apresenta a dorsal com a ponta mais afilada
Fêmea jovem e sem ocelo – A faixa de cor da nadadeira dorsal não vai até o fim, a ponta da nadadeira além de arredondada é transparente

Outra coisa interessante que notei quanto ao comportamento dos kribensis, é que se tiverem a opção de serem mantidos em grupos eles formam cardumes mesmo depois de certa idade.
Filhotes em cardume quando menores

Bom pessoal, esse foi o meu relato quanto às experiências com os queridos kribs, espero que tenha esclarecido algumas dúvidas que possam ter e peço desculpas pelo texto longo, mas é que quando falo desses peixinhos eu acabo me empolgando!
Abraços
Cinthia Emerich
Bibliografia consultada:
Pelvicachromis pulcher - CichlidForum
Ciclídeos da África Ocidental – CMCA’s
Para o oeste meu jovem!
Os ciclídeos africanos muito além dos grandes lagos – CMCA’s

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